Heaven - Mundo Paralelo [2ª Temporada]

Heaven Mundo Paralelo (2° Temporada) – Episódio 1 – Revelações

 

Boooaaaa noite, boa tarde e booom dia!

Finalmente chegou a hora de darmos continuação a história.

Convido você a embarcar comigo nessa viagem e se aventurar com os desafios e  mistérios que te esperam nesta segunda fase da história.

Então não vou me estender muito.

Eu sou Alex Porto e espero que aproveitem cada momento deste episódio.

Bon voyage! ! !

 

Anteriormente em Heaven – Mundo Paralelo:

 

– Nossa! Só tragédia.– Reclamei enquanto procurava o controle para mudar de canal. – É por isso que não gosto de jornal.

– Poxa! Na melhor parte do filme. – Implicou Luana aborrecida.

– Ah! Amor. É sempre a mesma coisa: Um cara… uma garota linda… Um lago enorme, então aparece uns piratas e ferra com a curtição do casal na ilha. – Dou um sorriso de deboche e continuo. – Não sei como você não se cansa de ver esse filme.

 

Sinto um frio na espinha se espalhando por todo meu corpo. Sinto medo. Mas, medo de que? Luana percebe a tensão em meus ombros ao me abraçar.

 

– Tá tudo bem? Você ficou estranho do nada.

– Eu não sei amor… desde manhã que estou com uma sensação ruim, como se algo fosse acontecer.

 

Virei para beija-la, agarrando forte seu corpo junto ao meu. Depois que nossos lábios se afastaram Luana sorri e diz me olhando nos olhos:

 

– Sabe que pode contar comigo, né?

– Claro que sei minha linda! – Dou um beijo em sua testa e prossigo. – Vou ficar bem, amor. Não deve ser nada, mas acho melhor eu ir agora.

– Tá bom. Ah! Mô, não se esqueça de falar com o Apollo sobre a inauguração do Museu.

– Ok. Eu falo, tenho certeza que ele vai.

 

Está frio e chovendo muito, ainda bem que trouxe minha capa. Já estou quase chegando em casa, preciso tomar muito cuidado pois a pista está escorregadia tornando-a ainda mais perigosa.

 

– Pera aí. O que é aquilo, um mendigo?

 

Avisto um corpo debaixo da nossa árvore. Desço da moto e me aproximando eu percebo que a pessoa caída é….

 

– Apollo! – Sacudo seu corpo tentando acordá-lo, mas sem resposta.

 

Vejo que ele não está muito molhado, o que para mim foi um alívio. Apesar de estar chovendo muito forte a copa de folhas da árvore serviu de guarda-chuva para amparar seu corpo.

 

– Apollo… Levanta! Quantas vezes eu te falei para não sair sem guarda-chuva…

 

Sinto um aperto no meu peito e a sensação de alívio se esvai trazendo preocupação e medo no seu lugar. Ver meu irmão dessa forma… é como se por um milésimo de segundo meu coração tivesse sido desligado. Fico sem reação ao ver que ele nem se move.  Me ajoelho ao lado dele e seguro seu pulso, parece que o coração ainda está batendo. Isso é um bom sinal…, mas, sua respiração está tão fraca que quase não consegui percebê-la.

 

– Apollo! Mano seu idiota, Acorda! … por favor, cara.

 

 

 

 

 

Agora :

O céu cinzento… não havia pássaros voando ali. A chuva caia incessante indo com pressa de encontro ao chão. Os poucos carros que passavam na rua refletiam na minha janela o brilho fraco do sol escondido entre as nuvens… mais um dia chato de inverno!

A porta do meu quarto abre e uma pequena criatura adentra no cômodo. O ser vestia uma capa de toalha florida amarrada no pescoço cobrindo as costas. Um cinto formando três voltas em sua cintura. Um capacete de cueca e um óculos escuro.

 

– Ta-dã! Sou o “Capitão Chuveiro”!

 

– Alguém andou mexendo nas coisas do papai de novo…

 

– Apollo! Volte aqui seu menino levado! Não me faça ir te buscar… – Gritou nossa mãe lá de baixo.

 

– Venha, Capitão Chuveiro! Por aqui. – Deitei ele na cama e o cobri com lençol e almofadas.

– Por acaso, você viu um super garotinho voando numa capa florida? – Perguntou mamãe ao entrar no quarto.

 

– Eu…? Não, não vi – Disse enquanto acenava com a mão para a montanha de almofadas na cama.

 

– Ah. Que pena, o pudim está pronto… parece que nós vamos ter que comer sem o capitão.

 

– P-Pudim? – Disse uma voz abafada debaixo do travesseiro.

 

– Ouça Pablo, as almofadas estão falando. Vamos dar um pedacinho de pudim a elas já que o Capitão Chulé sumiu.

 

– Chuveiro! É Capitão Chuveiro, mamãe! – Gritou o pequeno Apollo emergindo entre os lençóis. – Eu quero pudim!

 

Quando percebi já era noite e o dia chato de inverno na verdade não foi tão chato assim. Pois, aquele “ser- humaninho” estava lá… Com seu jeito engraçado fazendo todos rirem, mesmo nos momentos difíceis.

Como um soco, o vento me atingiu e eu despertei das memórias antigas de quando meu irmão tinha apenas quatro anos.

Sob minha pele, o sangue gelado circulava lentamente em minhas veias e então, quando eu estava quase me entregando de vez ao desespero. Apollo levanta num pulo, tossindo forte ele abre os olhos e diz:

 

– P-Pablo! Perig… eu… te contar…

 

Suas palavras saíram atrapalhadas e eu mal pude entender o que ele falava. Nunca tinha visto alguém gaguejando e tossindo assim tão rápido e ao mesmo tempo.

 

– Que susto você me deu, cara! – Apoio Apollo em meu ombro e o ajudo a ficar de pé. – Vem, vamos lá para dentro. Depois você pode me contar o que quiser, mas agora você precisa de um banho e roupas quentes. E é bom que esteja melhor para se lavar sozinho, pois eu não vou dar banho em nenhum marmanjo não.

 

 

17h10 deste mesmo dia.

 

Na sala, enrolado na coberta após um banho demorado, ainda estou um pouco tonto e cansado… ah, claro. E com fome! Espero alguns minutos até Pablo terminar de se vestir para o trabalho. Daqui a pouco teremos aquela conversa.

 

– Como você está? – Pergunta Pablo passando na sala esfregando a toalha na cabeça e enxugando os cachos escuros.

 

– Minha cabeça ainda dói um pouco… Mas estou bem. E você, está pronto para ouvir?

 

– Hum, bom… – Pablo se aconchega no sofá e vira para me encarar – Sim. Pode falar estou ouvindo.

 

– Você se lembra do dia que eu cheguei aqui? – Iniciei o assunto.

 

– Claro, tem menos de uma semana que você chegou…

 

– Sim, não faz muito tempo mesmo. Acho que tudo começou ali, não! Na verdade, antes, dentro do ônibus eu tive um sonho…

 

Falei do pesadelo, o ônibus em chamas, com todos os detalhes que eu ainda lembrava… A forma como tudo parecia real, como se eu pudesse sentir o cheiro dos corpos queimando a minha volta. Até o momento antes de acordar, quando o ônibus tombou e eu fui lançado para fora do veículo.

 

– Nossa! Então foi por isso…? Agora entendo porque você ficou estranho ao ver o jornal no dia seguinte. – Pablo fez uma pequena pausa e voltou a falar. – Você… esse sonho… acha que foi uma visão?

 

– Talvez. Para ser sincero eu ainda estou muito confuso, isso que eu ti falei é só o começo de toda a loucura que tem sido minha vida até agora.

 

– Sei… continue então, eu quero saber de tudo.

 

Contei a ele sobre o outro sonho, aquele do “exorcista de jaqueta jeans”. Pablo parecia estar bem atento a cada palavra que eu falava. Apesar de muitas vezes eu sentir vontade de rir sobre determinado pensamento, eu fiz o possível para me manter sério. Afinal, se para mim que tenho passado por essas coisas já acho loucura demais, imagino para meu irmão ter que ouvir essas histórias malucas.

Em alguns momentos percebi que Pablo queria falar, talvez fazer alguma pergunta. Mas, ele se conteve e eu prosseguia narrando todos os acontecimentos bizarros e inacreditáveis que haviam ocorrido até hoje.

 

– Calma ae! Isso… isso tudo aconteceu mesmo?

– Cara, eu sei que é difícil de imaginar algo assim, eu mesmo às vezes acho que tô enlouquecendo com toda essa coisa… Anjos… Demônios…

 

– E você acha que era “Deus“ falando com você no sonho?

 

– Eu não sei Pablo. Pode ser…. quando o raio atingiu a árvore e eu vi que ela não era consumida pelas chamas. Eu me lembrei do filme do Moises, o galho que não queimava no fogo…

 

– Entendo. Realmente é muita informação, me admira você conseguir se lembrar de tantos detalhes… que sinistro!

 

– É! Eu tinha certeza que você ia pirar também… eu não te culpo por não acreditar…, mas, eu tenho vivido esse filme de terror várias vezes desde que cheguei aqui. E eu precisava contar para alguém… E compartilhar um pouco dessa loucura.

 

– Eu Acredito.

 

– C-Como?

 

– Eu acredito em você, cara!

 

– Sério?

 

– Sim! Com certeza isso tudo é muito para o meu cérebro raciocinar agora, mas sim… acredito no que está me dizendo.

 

Acho que isso era o que eu estava precisando ouvir. Saber que meu irmão reagiu dessa forma e está levando a sério tudo o que contei isso me motivou.

– Valeu… é bom saber que posso contar com você, Pablo. – Falei num tom envergonhado por ter duvidado que ele fosse acreditar em mim.

 

– Ah, qual é? Você é meu irmão Apollo! Família é tudo, sempre!

 

A gente se encarou por um segundo sem dizer uma palavra. Então Pablo sorri e diz:

 

– Bom… É melhor eu ir trabalhar que isso aqui já está ficando meloso de mais para o meu gosto.

 

– Sim, claro. Vai lá mano. E… Obrigado por acreditar em mim.

 

Pablo parou um instante antes de sair.

 

– A partir de agora eu quero saber de tudo. Você não precisa passar por isso sozinho, ok? Qualquer coisa é só me ligar… fui!

 

 

 

Algumas horas antes.

Rua Nove de Março.

 

–… Ele viu o que você fez?

 

– Acho que não.

 

– Ah! Você acha?

 

– É… Ele estava caído quando entrei na sala e só acordou depois quando tudo já tinha acabado.

– Isso é bom…

 

Nessa época do ano fica difícil distinguir quando está amanhecendo e quando está chegando ao anoitecer. O dia quase sempre nublado e escuro causa essa impressão.

 

Olhando pela janela do meu lado do carro, Vejo Apollo caminhando na calçada do outro lado da encruzilhada.

 

– Por que ele está indo a pé…

 

– Quem? – Perguntou o professor enquanto dirigia.

 

– O Apollo. – Parece até coincidência, a gente aqui falando “dele” e de repente o cara aparece!

 

A luz amarela surgiu no farol indicando que devemos reduzir a velocidade, pois o sinal logo vai fechar. Quando a luz vermelha acendeu, Professor Sergio parou o veículo pouco antes da faixa de pedestre.

 

As primeiras gotas da chuva começaram a cair com um som de pipoca estourando do lado externo do carro. As que pingavam no teto escorriam pelos vidros, janelas e cantos do veículo. Ouvimos o barulho de um motor de carro acelerando…

 

Acionando uma alavanca no volante, Sergio ativa o para-brisa. E pela parte já limpa do vidro, conseguimos ver Apollo no meio do caminho ao lado de um garoto. Vimos também o carro barulhento passando no sinal vermelho indo na direção deles.

Num impulso, minha mão se moveu para a maçaneta da porta.

 

– Não! Não tem nada que possamos fazer Datto. – Advertiu o Professor esticando um braço para bloquear minha fuga.

 

– Então vamos ficar aqui e assistir a morte deles? – Retruquei enquanto soltava o cinto de segurança.

 

– E como você pretende parar aquele carro? Provavelmente se você sair deste carro será só mais um alvo.

 

Eu não quero ficar aqui sem fazer nada, sem ao menos tentar… Mas, sei que o Professor está certo. Não há nada que eu possa fazer para evitar o que está por vir e, isso me intriga.

 

– Datto… Não pense que eu não me importo com aquelas vidas, mas… – Nesse momento algo nos surpreendeu! Um solavanco ergueu a parte da frente deixando nosso carro inclinado para cima. – O quê…?

 

Com a pressão emitida fui jogado para traz, deslizando do banco da frente descendo para o banco de traz. É isso o que acontece quando não se usa o cinto.

 

– Datto! Datto você está bem?

 

– Sim… estou! – Respondi estirado de qualquer jeito numa posição desconfortável.

 

Eu vi do lado de fora as gotas… agora escorriam para cima e pareciam flutuar lentamente até se congelar em meio ao ar. Como se o tempo parasse…

 

Me agarrei firme na alça que pendia do teto e me esgueirei com dificuldade para cima até conseguir sentar no banco do passageiro. A primeira coisa que eu fiz quando consegui voltar para meu lugar, foi pôr o bendito cinto!

Como um vulto, o barbeiro inconsequente passou por nós, quase raspando na porta do motorista. O professor Sergio estava imóvel e seus olhos atentos observavam o cruzamento.

 

– Eles estão bem! – Falou como se adivinhasse o que eu estava prestes a perguntar.

 

Com um suspiro de alívio, me recostei no acento de forma despojada. O carro enfim, volta a inclinar para baixo ficando nivelado em relação ao chão outra vez. Do lado de fora a chuva tornou a cair e meus olhos tentam localizar Apollo.

 

– Parece que a profecia é verdadeira.

 

– O que? Que profecia é essa, professor?

 

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