Sagrada Família

Capitulo 9 – Sagrada Família

http://www.youtube.com/watch?v=RKX2bo2GwSE&t=3s

Casa dos Albuquerque, Leblon, Rio de Janeiro 12:00

FERNANDO – E então Helena, Como você está?

HELENA – Eu estou bem e como foi passar esses anos sumido?

FERNANDO – Foi horrível ficar longe da minha família

HELENA – E porque não voltou antes? Deixou que se passasse 3 anos… 3 anos que precisamos de você… 3 anos que eu precisei de você.

FERNANDO – Eu fiquei sem memória boa parte do tempo e depois resolvi investigar sobre esse acidente.

HELENA – Investigar o que? Já que foi um acidente?  O que você ainda não me contou?

FERNANDO – E o que você ainda não me contou? Por que está andando esquisita e está usando essas roupas que cobrem todo seu braço em plenos 32ºC?

HELENA – É uma longa história depois irei contar a você

FERNANDO – Sou todo ouvido posso escutar agora

HELENA – Não fuja da minha pergunta eu a fiz primeiro, se você investigou é porque tem alguma suspeita.

FERNANDO – Sim tenho uma suspeita de que o Tony tenha algo a ver com o tal acidente.

HELENA- É só uma suspeita? Porque acho que não é isso, acho que você já tem certeza disso.

FENANDO – Você sempre foi esperta, mas será que foi o bastante?

HELENA – Você está cheio de insinuações hoje, fala logo o que quer saber.

A campainha toca e Silveira vai até a porta abre e manda o homem engravatado esperar na sala enquanto vai chamar seus patrões.

SILVEIRA – My lady e My lorde com licença, desculpe por interromper o almoço dos senhores, mas é porque tem um procurador lá na sala procurando a senhora Helena.

FERNANDO – Procurador?

HELENA – Diga ele que já estou a caminho

Silveira sai e Helena se levanta e vai em direção a sala, Fernando a segue.

HELENA – Boa Tarde queria falar comigo?

PROCURADOR – Sim vim entregar uma intimação sobre o processo que a senhora abriu contra o senhor Tony Rubens Siqueira.

HELENA – Tudo bem, onde assino?

PROCURADOR – Aqui por favor… aqui também… essa via fica com a senhora.

HELENA – Muito obrigada

Silveira o acompanha até a porta

FERNANDO – Que processo é esse Cristina?

HELENA – (Olhando os papeis) Eu te disse que é uma longa história. Agora estou livre!

FERNANDO – Livre de que? Conte-me logo o que aquele ser fez a você.

HELENA – Vamos para o escritório, Silveira pode tirar a mesa.

No escritório Helena senta na cadeira de frente para a mesa e o Fernando senta ao seu lado.

HELENA – Fernando, as coisas mudaram desde que você desapareceu, eu me casei com o Tony, pensei que ele fosse aquele mesmo homem que namorei na faculdade antes de você, mas ele mudou, se transformou em uma pessoa agressiva, me batia sempre que possível, ontem foi a gota d’agua ele me estuprou enquanto me batia com um sinto nas costas.

Helena se levanta e retira a sua blusa e vira de costas para seu ex marido e mostra os hematomas roxos em suas costas e braços, Fernando fica horrorizado com o que vê.

HELENA – As agressões eram constantes

FERNANDO – Por que não procurou uma ajuda?

HELENA – (vestindo a blusa) Tive medo de ele fazer algo com os nossos filhos.

FERNANDO – E que processo é esse?

HELENA – Depois da agressão, eu e Cristiana fomos até a delegacia junto com a Susana e abri um processo contra o Tony, este aqui me assegura de que ele ficará pelo menos cem metros longe de mim.

FERNANDO – Que maravilha, mas isso não vai ficar assim como pode ele machucar você ele que não ouse aparecer aqui.

HELENA – Acalme-se já temos problemas demais e a Cristiana no meio desse fogo cruzado, ela é só uma adolescente no meio dessa confusão toda eu queria que ela aproveitasse para se preocupar com outras coisas da sua idade.

FERNANDO – Ela sempre foi forte!

HELENA – Tenho medo de ela não ser forte o suficiente.

FERNANDO – Ela vai ser

Fernando vai até onde Helena e a abraça.

HELENA – Queria tanto que nossa vida tivesse continuado como era antes. (fala chorando nos braços de Fernando) que esse acidente nunca tivesse acontecido e eu jamais tivesse me casado com aquele monstro, amaldiçoou o dia que ele entrou na minha vida, só para arruinar a minha família, a minha vida porque essas marcas no meu corpo vão sarar, vão fechar e voltará a ser como antes, mas as marcas deixadas na minha alma não vão ficar boas tão rápidas pode durar a vida toda e ainda tenho que conviver com esse fantasma do medo.

FERNANDO – Não deixarei que nada te faça mal, vou afastar todos esses fantasmas e ajudar a cicatrizar as suas feridas da alma, já mais te deixarei de novo.

HELENA – Vou subir e deitar, estou sentindo um pouco de dor, pedi para o Silveira levar analgésicos para mim, por favor!

FERNANDO – Pedirei sim, quer ajuda para subir as escadas?

HELENA – Não precisa posso subir só.

***

Shopping Leblon, Rio de Janeiro

VANDA – Por que me trouxe aqui?

TONY – Temos que comprar roupas de pobre para você

VANDA – Então me trouxe ao lugar errado

TONY – Os shoppings já estão mais populares e já tem de tudo

VANDA – Isso não vai dar certo, eles vão pedir meus documentos e como vou comprovar que me chamo Maria Teresa, de onde venho…

TONY – Não se preocupe com isso, preocupe-se em ter uma boa atuação como empregada.

VANDA – Não sei fazer isso

TONY – Então procure aprender.

VANDA – Eles não vão me reconhecer da empresa?

TONY – Pare de tantas perguntas, eles quase não vão lá, nem lembram de você e claro que vai deixar de trabalhar lá e está disfarçada.

VANDA – O que eu vou ganhar com isso?

TONY – Eu, o que você quer mais?

VANDA – Dinheiro, quero ser rica e não apenas ter você

TONY – Você terá todo dinheiro que quiser assim que me ajudar a recuperar o que é meu. Vamos logo com essas compras que ainda tenho que ter uma conversinha com aquela Cristiana.

***

Favela do Vidigal, Rio de Janeiro

MARTA – O que trouxe você de volta ao Brasil minha irmã?

LUCIANA – Eu resolvi vir buscar o que é meu.

MARTA – E o que você tem aqui?

LUCIANA – O meu filho.

MARTA – Não achas que será um pouco difícil agora e não vê em que saia justa você vai me colocar.

LUCIANA – Por que saia justa?

MARTA – Por que foi eu que ajudei a você se livrar dele e tenho certeza que o Antônio e a Amanda jamais me perdoariam se descobrissem.

LUCIANA – Não me importa eu quero meu filho de volta.

MARTA – Mas foi você que o abandonou, lembra?

LUCIANA – Mas naquela época a minha situação era bem diferente da que eu vivo atualmente.

MARTA – Nada justifica o que você fez e mais tola fui eu de ter ajudado.

LUCIANA – Minha vinda ao Brasil foi só para isso.

MARTA – Você pretende chegar lá na casa dele e dizer: “oi eu sou sua mãe te abandonei e voltei pra que vivamos felizes, pode ser?”

LUCIANA – Não sei como vou fazer, já tentei me aproximar dele por rede social, mas ele não fala comigo, mas ele vai saber que eu sou a mãe dele.

MARTA – Volta pra sua casa que é a melhor coisa que você faz.

LUCIANA – Eu não cruzei o oceano todo para vir aqui e desistir agora eu vou até o fim.

MARTA – Mas você já parou para pensar que pode perder seu filho para sempre caso ele não te perdoe.

LUCIANA – Vou perder ele se eu não for atrás do mesmo jeito

MARTA – Mas será que você conseguirá viver com o desprezo que o seu filho vai te dar caso ele não entenda?

LUCIANA – Eu tenho certeza que ele vai me perdoar pelo que fiz é por isso que ele tem o luxo que tem.

MARTA – Mas você negou a ele o que é mais preciso o amor de mãe

LUCIANA – Ele teve amor de mãe, eu sei que o deixei em boas mãos e me admira você falando isso que sei que vive em pé de guerra com sua filha

MARTA – Como você sabe disso?

LUCIANA – Irmã eu sei como você não daria amor nem a uma pedra.

***

Colégio Johnson Junior, Leblon

CRISTIANA – Eu espero mesmo que a Lorena seja punida, porque se não eles vão ver esse colégio de baixo pra cima, como pode um diretor dizer aquilo.

Cristiana conversa com Joyce na fila para entregar o prato do almoço.

JOYCE – Será que você não está pegando um pouco pesado demais com essa história?

CRISTIANA – Pesado?… Pesado? A Lorena que pegou pesado com a coitada da Carol, não é porque ela tem dinheiro que ela tem que falar toda aquelas coisas.

JOYCE – Mas eu me preocupo com você amiga, você no meio desse estresse todo, algum mal deve fazer a você.

CRISTIANA – Eu estou bem, obrigado pela preocupação, eu só não consigo ficar calado quando vejo essas injustiças.

JOYCE – Sempre bancando a heroína de todos, mas quem irá te salvar?

Joyce avista Rafael vindo na direção delas.

JOYCE – Ah já sei, seu príncipe encantado vem vindo.

CRISTIANA – Quem o Rafael?

JOYCE – Sim ele mesmo.

RAFAEL – Olá meninas, Cris pode vir comigo?

CRISTIANA – Eu tenho que entregar o meu prato.

JOYCE – Tudo bem eu entrego para você.

Cristiana olha com cara feia para a amiga, mas Joyce só sorrir e pega o prato enquanto Rafael puxa Cristiana pelo braço.

Chegando a porta do Refeitório ela pergunta

CRISTIANA – Aonde está me levando?

RAFAEL – Surpresa, você confia em mim?

CRISTIANA – Devo confiar?

RAFAEL – Tenho certeza que você vai gostar.

Eles pegam um grande corredor que atravessa a escola, passam pela sala da coordenação e dobram a esquerda quando chegam a sala do diretor, seguem por um corredor deserto e longe das salas.

CRISTIANA – Onde você ta me levando Rafael?

RAFAEL – Calma já estamos chegando

Ao final desse correndo viram a direita que dá de frente para uma porta

RAFAEL – Pronto!

CRISTIANA – Onde estamos?

RAFAEL – Na escola, só que quase ninguém vem para este lado e eu encontrei a pouco tempo e agora que terminei de ajeitar.

CRISTIANA – Ajeitar o que?

Rafael se dirigi até a porta e abre, Cristiana fica encantada com o que vê, era um jardim e no meio tinha uma grande arvore, a copa da arvore cobria todo o jardim mas não era difícil ver a luz do sol atravessando ela, no chão havia várias flores de todas as cores, azul, vermelha, amarela, branca, e do tronco dar arvore descia um pouco de água que fazia formar uma pequena poça nos pés da arvore.

Cristiana dá uma volta entorno do tronco e encontra uma escada presa ao corpo da arvore, por instinto ela levanta a cabeça e ver uma casa entre os troncos.

CRISTIANA – É uma casa que estou vendo?

RAFAEL – Sim, essa era a surpresa, vamos lá?

Cristiana sobe pela escada até chegar à casa da arvore e fica encantada com a vista da sacada da casa do jardim abaixo, a madeira que a revertia era escura após Rafael chega junto dela, ele pega a chave e abre a porta.

Dentro havia uma mesa, um tapete no centro, cadeiras de tronco de arvore, caía do telhado algumas plantas, na parede havia pisca-pisca colocado de forma a iluminar o espaço pois não havia janelas, só entradas de ar, na parede havia desenhos feitos com giz de cera por crianças, a madeira do lado de dentro era mais clara.

Cristiana estava encantada com aquilo tudo.

CRISTIANA – É lindo como você encontrou esse lugar?

RAFALE – Já faz um tempo, lembra da última festa que teve, a de São João? Pois é eu resolvi andar pela escola e acabei vindo para essa parte descobri essa porta e quando entrei encontrei um jardim muito mal cuidado, resolvi ajeitar, coloquei algumas flores, trouxe esse pisca-pisca, porque era difícil de enxergar aqui e o tapete, ajeitei tudo até ficar do jeito que você está vendo.

CRISTIANA – Ta magnifico, mas porque não me contou antes?

RAFAEL – Queria fazer surpresa

CRISTIANA – E que surpresa, mas por que não trouxe a Joyce?

RAFAEL – Queria ficar um pouco a sós com você e esse lugar é pra ser só nosso, nosso segredo.

CRISTIANA – Onde você quer chegar?

RAFAEL – Vamos deixar essa brincadeira de esconde-esconde?

CRISTIANA – Não escondo nada

RAFAEL – Larga de ser marrenta, eu sei que você gosta de mim e você sabe que eu gosto de você.

CRISTIANA – (olha para baixo) Não sei quem te disse isso.

RAFAEL – Ta na cara Cris, por que você não olha nos meus olhos? Tem medo que eu veja a verdade neles?

Rafael segura o queixo de Cristiana e levanta lentamente a cabeça dela até que seus olhos se encontrem.

RAFAEL – Eu te amo, Cristiana Albuquerque, eu te amo e posso gritar pra todos ouvirem por que eu tenho certeza disso e eu sei que você também me ama, então para de lutar contra o inevitável.

Rafael se aproxima mais do rosto de Cristiana até que seus lábios se tocam no começo ela resiste mas logo se entrega, os dois se abraçam se deitam no tapete e permanecem ali trocando beijos e caricias até o fim da tarde.

CRISTIANA – Que horas são?

RAFAEL – Já são 18:00 horas

CRISTIANA – Como assim? Não poderíamos ter ficado a tarde toda aqui a Joyce deve estar louca atrás de mim.

RAFAEL – Liga pra ela.

CRISTIANA – Meu celular está na bolsa.

RAFAEL – Não tem medo que roubem ele?

CRISTIANA – Eu o localizo pelo GPS sempre fica ligado

RAFAEL – Então vamos voltar

Rafael e Cristiana voltando novamente para suas salas agindo naturalmente quando Cristiana chega na sua sala avista sua amiga, dá uma desculpa qualquer e sai da escola, no entanto quando estava preste a atravessar a rua um carro para em sua frente, quando o motorista baixa o vidro ela consegui ver que é o Tony.

TONY – Entra no carro, eu vir lhe buscar

CRISTIANA – Eu não vou a lugar nenhum com você.

TONY – Entra logo, só quero conversar.

CRISTIANA – Tenho nada a falar.

TONY – Será que vou ter que sair daqui e te colocar a força nesse carro?

CRISTIANA – Já disse que não!

Tony abre a porta e Cristiana sai correndo em direção ao taxi que está parado mais adiante.

CRISTIANA – Por favor moço arranca com esse carro que tem um louco me perseguindo.

TAXISTA – É pra já!

***

Leblon, Rio de Janeiro

Helena está deitada no seu quarto quando escuta os gritos de Cristiana que havia acabado de chegar correndo e subia as escadas.

CRISTIANA – Mãeee!

HELENA – O que foi minha filha

CRISTIANA – O Tony ta vindo ai

As duas voltam para o quarto da mãe enquanto Tony terminava de subir as escadas.

Fernando escuta a confusão e sai para ver o que se passava e visualiza a figura de seu antigo amigo entrando no quarto de sua ex mulher e vai pra la.

TONY – Eu só quero conversar com você Cristiana.

Tony vai até onde ela e a pega pelo braço.

CRISTIANA – Eu não quero falar com você.

HELENA – Larga ela.

Tony a puxa para a saída, Helena se desespera e vai até a cômoda de Tony onde pega uma arma e aponta pra ele.

CRISTIANA – (grita) Não mãe, acalme-se.

FERNANDO – (indo até Helena) Não Helena.

Tony solta Cristiana

TONY – Atira! Sei que você não tem coragem. Atira!

Helena segura a arma com duas mãos, mira, fecha os olhos e aperta o gatilho.

Lucas Serejo

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